quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O FENÔMENO DAS ELEIÇÕES 2010 !!!


Francisco Everardo Oliveira Silva, popularmente conhecido por Tiririca, foi, sem dúvida, a grande estrela das eleições 2010. Com 1.353.820 votos, o humorista foi o campeão de votos em todo Brasil, superando figuras para lá de carimbadas do cenário político nacional.

Sua popularidade despertou a ira de políticos tradicionais que, temendo perder espaço, passaram a atacar o humorista na tentativa de desqualificá-lo perante os eleitores paulistas. No entanto, o ataque dos concorrentes foi revertido em favor do candidato do PR, que, ao invés de contra-atacar, preferiu satirizar os críticos, conseguindo angariar votos de milhares de eleitores desacreditados.

Numa análise primária e perfunctória, é possível abstrair a seguinte conclusão: parte do povo prefere a humildade, ainda que bruta e movida a sátira, à política tradicional e demagógica, que há tempos permeia o cenário político brasileiro.

Se considerarmos o atual processo eleitoral, verificaremos, sem dificuldades, a presença de inúmeros mensaleiros, sanguessugas, fichas sujas, políticos coniventes e outros aventureiros do meio artístico sem qualquer preocupação social. No entanto, a outra parte da sociedade, que desqualifica e ataca a eleição do palhaço Tiririca, não demonstra o mesmo entusiasmo para expurgar, de uma vez por todas, os "figurões" da política brasileira.

É a histórica e conhecida "amnésia verde-amarela", por vezes regada a um sentimento de falso ardor ideológico, que mais se aproxima ao fisiologismo político, onde muitos fecham os olhos para os equívocos do partido, elegem políticos com histórico negativo e saem convictos de que votaram em nome do bem-estar do povo e da nação (Será???).

Além da reflexão sociológica e, porque não, cultural supra, a eleição do humorista é um pedido de mudança, ainda que velado, cujo cerne é a sistemática eleitoral brasileira. Reza o artigo 14, §1º, inciso I, que o voto é obrigatório aos maiores de dezoito anos.

Ora, num Estado Democrático de Direito, qual é o sentido do voto obrigatório?

Conforme especula-se, parte da expressiva votação do humorista deve-se a muitos eleitores que utilizaram seu voto como forma de protesto a política que aí está. Se o voto fosse facultativo, o eleitor que não vislumbrasse opções para votar certamente não sairia de sua residência para protestar nas urnas, logo, daria espaço a eleitores conscientes de suas ecolhas.

É certo que o voto obrigatório, instituído no país pela Carta Magna de 1988, teve por intuito promover a progressiva conscientização política pós-período de exceção. Contudo, decorridos 22 anos de sua promulgação, é chegada a hora de, ao menos, discutir sua necessidade, já que há tempos o país respira "ares democráticos", tornando o voto obrigatório inócuo e contrário ao regime atual do país.

Outro tema passível de discussão é o sistema proporcional, instituído no artigo 45 da Carta Magna. Tal sistema fundamenta a eleição dos Deputados Federais, permitindo verdadeira "gangorra política", capaz de içar candidatos com inexpressiva votação, graças a votações estratosféricas, como a do humorista do PR-SP.

O sistema proporcional, ao contrário do que a teoria propõe, permite verdadeiros "estratagemas politiqueiros" que só interessam aos partidos, sem acrescentar qualquer coisa a democracia brasileira. É preciso eliminar o sistema proporcional do arcabouço eleitoral brasileiro, tudo para permitir a eleição de políticos notadamente eleitos pela vontade popular e, aprioristicamente, comprometidos com os problemas da nação.

Desta feita, espera-se que a eleição do humorista Tiririca traga, primeiramente, bons projetos e grandes realizações na Câmara Federal, bem como permita reflexão do Congresso a respeito de modificações no sistema eleitoral, trazendo o Brasil à realidade do Século XXI, consolidando de vez a democracia brasileira.

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