Chega ao fim mais um processo eleitoral no Brasil. Neste sufrágio o país elegeu uma Presidenta, 513 deputados, renovou grande parte do Senado, bem como elegeu novos representantes dos governos locais.
Mas, afinal, era esse o modelo de campanha e discussão de propostas adequado a realidade do país?
Desde o início da propaganda político-partidária o que se viu foi um verdadeiro desfile de ex-jogadores de futebol, cantores, humoristas e muitas sub-celebridades em busca de um lugar no palco dos poderes, em Brasília.
Para um eleitor menos atento, o horário eleitoral gratuito assemelhava-se a um genuíno "reality show de sub-celebridades e artistas decadentes" pedindo votos para continuar no programa. A cada edição da propaganda política eramos "brindados" com frases para lá de pitorescas, para não dizer estúpidas e vulgares.
Na mesma esteira, seguiu a campanha presidencial. "Nunca antes, na história deste país", observamos uma corrida presidencial tão vazia em propostas e idéias de renovação e, ao mesmo tempo, recheada de ataques pessoais, inequivocamente, descompromissados com o interesse público primário.
A exceção da candidata Marina Silva (PV), que primou pela busca de soluções para os problemas do país, o que se via na propaganda de rádio e TV, nos debates e na internet eram candidatos divagando sobre processos eleitorais de 12 anos atrás, possíveis padrinhos políticos, marketing pessoal exacerbado, beirando o narcisismo e, fundamentalmente, muitos ataques de ordem pessoal.
Os ataques acentuaram-se com a definição do 2º turno, quando, ambas campanhas, promoveram um seleto show de ofensas, confusões públicas e acusações, por vezes, baseadas em defeitos comuns aos governos de que fizeram parte.
Num cenário efetivamente democrático, onde o Brasil mostrou ainda não fazer parte, a tônica de uma campanha, sobretudo, em 2º turno exige o debate de idéias, propostas, planos de governo, etc. Quando o objeto da campanha visa, única e exclusivamente, desqualificar o outro candidato, o processo eleitoral foge ao ideal democrático, já que as ambições partidárias e individuais acabam por falar mais alto, deixando os interesses da coletividade em segundo plano.
Lamentavelmente, a nosso sentir, esse foi o pior processo eleitoral vivido no país desde a assembléia constituinte de 1988. Que esta eleição sirva de exemplo aos pretensos candidatos a 2014, bem como ao povo brasileiro, que, de um modo geral, demonstrou preferir o embate político partidário à efetiva e escorreita discussão de propostas.
Vencedores desta eleição? Os poderosos partidos políticos e a ambiciosa luta de alguns de seus integrantes pela perpetuação no poder.
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