quarta-feira, 15 de abril de 2009

No Brasil, gado é transportado com mais respeito

"O que está faltando mesmo ao Brasil
e sempre faltou é uma elite dirigente
com compromisso com a coisa pública,
capaz de fazer neste País o que precisaria
ser feito: investimento em capital humano"
(Sen. Jefferson Peres)


Quando imaginamos já ter visto tudo neste país, eis que surge a "gentileza" dos funcionários da empresa responsável pelo sistema de trens no Rio de Janeiro. Em meio a pontapés, socos e "chicotadas" os funcionários empurravam os usuários na tentativa de fechar as portas de um trem superlotado, fruto da greve dos motoristas de ônibus.

O comportamento absolutamente reprovável destes agentes de controle (que na verdade nada controlam) causa repulsa e, ao mesmo tempo, vergonha ao saber que tais imagens rodarão o mundo, denegrindo a, já arranhada, imagem do Brasil no exterior.

Como se não bastasse o péssimo serviço operacional prestado por todos os meios de transportes públicos brasileiros, o Poder Público e suas concessionárias decidem apelar para a violência e humilhação daqueles que não dispõem de outro meio que não o trem, no caso.

Lamentável constatar dia-a-dia que a Constituição Federal, apesar de precisa e deveras humanista, é letra morta neste país, já que o respeito a dignidade da pessoa humana é constantemente achincalhado por aqueles que deveriam fazer valer as regras nela expressas.

É certo que esta não é a primeira, nem será a última barbárie em terras tupiniquins, porém este episódio afigura-se determinante para constatarmos o quanto o brasileiro é humilhado e tratado como coisa neste país. Inadmissível a conduta destes pseudo agentes de controle, cuja conduta reflete o despreparo administrativo e organizacional de todas as Administrações Públicas, sobretudo no trato com as pessoas.

Não é despiciendo lembrar que o Brasil, ao menos em tese, sediará uma Copa do Mundo, em 2014. Será esse o tratamento oferecido àqueles que se aventurarão a assistir o aludido evento esportivo no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil como um todo????

De nada adianta o Brasil inserir-se no seleto grupo de países emergentes apenas pelo avanço tecnológico, número de indústrias, pretensos programas sociais de combate a desigualdade social se não houver, em caráter emergencial, uma profunda e definitiva "revolução comportamental", capaz de incutir no intelecto dos administradores princípios voltados ao respeito ao ser humano, ética, preocupação com a educação e civilidade.

Com razão o Senador Cristovam Buarque (PDT/DF), na campanha presidencial de 2006, buscou mostrar ao brasileiro que o caminho para o desenvolvimento inicia-se na educação. Sem que haja tal pressuposto, o Brasil será um país eternamente marcado pelo desrespeito, violência urbana e corrupção desenfreada, que sequer o carnaval e o futebol serão capazes de ofuscar.



Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeita a tua analise meu caro Richard